Rinite e Odontologia são temas oriundos de áreas distintas, mas interligadas quando se trata de alterações orofaciais em pacientes.
Neste artigo, exploraremos um estudo realizado por Tamara Christine de Souza Imbaud, Márcia Carvalho Mallozi, Vanda Beatriz Teixeira Coelho Domingos e Dirceu Solé, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Acompanhe!
Relações entre rinite e Odontologia
Antes de nos aprofundarmos no estudo citado, convém lembrar que a rinite é uma condição inflamatória das vias respiratórias superiores.
Tal condição pode desencadear uma série de manifestações orais que afetam diretamente a prática odontológica. Compreendê-las é fundamental para que os profissionais de Odontologia possam oferecer um tratamento eficaz e adequado aos pacientes.
Estudo aborda a frequência da rinite e das alterações orofaciais em pacientes com má oclusão dentária
O estudo “Frequência de rinite e alterações orofaciais em pacientes com má oclusão dentária” teve como objetivo descrever:
- A frequência e etiologia da rinite;
- As características da respiração oral;
- Os tipos de má oclusão; e
- As alterações orofaciais em pacientes tratados por má oclusão dentária.
Métodos
A pesquisa contou com a participação de pacientes com má oclusão dentária (n=89, oito a 15 anos) em tratamento ortodôntico em um centro de pós-graduação em ortodontia, localizado em São Paulo.
A rinite e a respiração oral foram diagnosticadas por meio de anamnese e exame clínico. Já a etiologia alérgica da rinite foi confirmada por meio do teste cutâneo de hipersensibilidade imediata (TCHI) com aeroalérgenos.
Foram avaliadas as relações entre os tipos de respiração (oral ou nasal), a presença de rinite, os tipos de má oclusão dentária, o bruxismo e as alterações cefalométricas (aumento do eixo Y de crescimento facial), em comparação com o traçado cefalométrico padrão da Escola de Odontologia da Universidade de São Paulo.
Resultados
A frequência de rinite nos pacientes com má oclusão dentária foi de 76,4% (68), sendo que 81,7% desses pacientes apresentaram alergia confirmada pelo TCHI (49/60 com teste positivo).
A frequência de respiração oral foi de 62,9%.
Foi observada uma associação significativa entre ter o eixo Y de crescimento facial aumentado e a respiração oral (p<0,001), assim como entre a respiração oral e a presença de rinite (p=0,009).
Não foi encontrada associação entre rinite e bruxismo.
Conclusões do estudo
A frequência de rinite em crianças com má oclusão dentária é superior à observada na população geral, que gira em torno de 30%.
Os pacientes com respiração oral apresentaram tendência de crescimento facial dolicofacial (aumento do eixo Y de crescimento).
Nos pacientes com rinite, independentemente da presença de respiração oral, não foi observada a tendência de crescimento facial dolicofacial.
Rinite e Odontologia: pontos para os profissionais ficarem atentos
Tanto dentistas quanto radiologistas devem ficar atentos a questões relacionadas à rinite ao realizar diagnósticos e emitir laudos de exames.
Abaixo, veja alguns pontos a serem considerados por esses profissionais:
Anamnese completa
Tanto dentistas quanto radiologistas devem realizar uma anamnese completa, questionando os pacientes sobre sintomas de rinite e histórico de doenças respiratórias.
Essas informações ajudarão a identificar possíveis casos de rinite e a relacionar os achados clínicos com os resultados dos exames radiológicos.
Manifestações nas imagens radiológicas
Radiologistas devem estar atentos a possíveis alterações nas imagens radiológicas relacionadas à rinite, como congestão dos seios nasais, espessamento da mucosa nasal ou presença de pólipos nasais.
Esses achados podem indicar a presença de rinite e auxiliar no diagnóstico correto.
Influência na terapia odontológica
Tanto dentistas quanto radiologistas devem considerar a presença de rinite ao planejar tratamentos odontológicos que envolvam exames de imagem.
A obstrução nasal e problemas respiratórios podem afetar a posição da língua, a respiração e a anatomia da cavidade oral,
Isso pode influenciar na interpretação dos exames e no planejamento do tratamento.
Necessidade de exames de imagem adicionais
Em casos de suspeita de rinite ou complicações relacionadas, radiologistas podem recomendar exames de imagem adicionais.
Realizar uma tomografia computadorizada dos seios nasais, por exemplo, é útil para avaliar melhor a extensão da condição e auxiliar no diagnóstico e tratamento.
Integração de informações
Dentistas e radiologistas devem estabelecer uma comunicação eficiente para compartilhar informações relevantes sobre o paciente.
Isso pode incluir a descrição de sintomas respiratórios, histórico médico, resultados de exames de imagem e outras informações pertinentes.
Essa troca de informações possibilita uma avaliação mais completa e precisa da condição do paciente com rinite.
Educação do paciente
Tanto dentistas quanto radiologistas têm um papel importante na educação do paciente sobre a relação entre rinite e Odontologia.
Compreender sobre a importância de um acompanhamento regular, o impacto da rinite na saúde oral e os cuidados necessários ajudará o paciente a compreender melhor sua condição e participar ativamente do tratamento.
Ao considerar a rinite em diagnósticos, laudos de exames e planejamento de tratamentos odontológicos, garante-se uma abordagem mais abrangente e efetiva.
Ou seja, ao conhecer as relações entre rinite e Odontologia, você poderá fornecer um cuidado de saúde mais completo aos pacientes com doenças respiratórias.
Que tal continuar se qualificando no campo da Radiologia? Para isso, recomendamos agora a leitura do nossa artigo que conta o que os radiologistas odontológicos identificam nos exames.