Anatomia radiográfica na Odontologia: tire as suas dúvidas sobre a disciplina

A compreensão da anatomia radiográfica é fundamental para dentistas e radiologistas, permitindo uma interpretação precisa de imagens radiográficas. 

Com tal interpretação apurada, é possível desenvolver diagnósticos mais eficientes para as diferentes queixas dos pacientes.

A seguir, esclarecemos as principais dúvidas sobre a anatomia radiográfica na Odontologia. 

Para responder a essas questões, consultamos livros canônicos da área, como o Atlas de Anatomia Radiográfica, de Antônio Biasoli Jr

Fique conosco!

O que é a anatomia radiográfica?

A anatomia radiográfica refere-se ao estudo e a interpretação da anatomia humana a partir de imagens radiográficas. 

Essa disciplina é essencial dentro da Radiologia e outras áreas da saúde, como a Odontologia, pois permite aos profissionais visualizar estruturas internas do corpo, incluindo ossos, dentes, tecidos moles, e outros órgãos, sem a necessidade de intervenção cirúrgica.

Na anatomia radiográfica, diferentes tecidos e estruturas do corpo apresentam distintas aparências baseadas na sua capacidade de absorver ou transmitir radiação. 

Estruturas densas, como ossos e dentes, são mais capazes de absorver raios-X e, portanto, aparecem mais claras ou radiopacas nas imagens radiográficas. 

Em contraste, tecidos menos densos, como os tecidos moles e o ar, são menos capazes de absorver radiação e aparecem mais escuros ou radiolúcidos.

O conhecimento detalhado da anatomia radiográfica é crucial para os profissionais da saúde para que possam identificar anormalidades, diagnosticar condições médicas, planejar tratamentos, e monitorar a progressão de diversas doenças. 

anatomia radiográfica

Quais são os tipos de ossos avaliados na anatomia radiográfica?

Na anatomia radiográfica, são avaliados principalmente dois tipos de ossos: o osso cortical e o osso medular. 

O osso cortical refere-se à camada externa do osso, caracterizando-se por sua densidade elevada e aspecto compacto. 

Essa característica faz com que apareça radiopaco nas imagens radiográficas, o que significa que ele absorve mais radiação e, portanto, parece mais brilhante ou branco nas radiografias. 

Um exemplo clássico de osso cortical na radiografia dental é a borda inferior da mandíbula, visível em exames intrabucais periapicais. Ela se destaca pela sua aparência densa e compacta.

Por outro lado, o osso medular é conhecido por sua estrutura organizada em forma de treliça, apresentando uma natureza mais esponjosa e maleável. 

Esse tipo de osso é composto por trabéculas ósseas que formam espaços intercomunicantes preenchidos pela medula óssea. 

Na radiografia, o osso medular é predominantemente radiolúcido devido à sua menor densidade.

A aparência esponjosa e pontilhada do osso medular é frequentemente observada ao redor dos dentes nas radiografias periapicais, particularmente na região da crista alveolar.

Quais são as principais estruturas anatômicas dentárias visualizadas em radiografias intrabucais?

Nas radiografias intrabucais, diversas estruturas anatômicas dentárias são essenciais para uma avaliação precisa da saúde oral. Entre as principais, destacam-se:

Esmalte

É a camada mais externa da coroa do dente, conhecida por sua alta resistência. 

Nas radiografias, o esmalte apresenta-se como uma área radiopaca, devido à sua densidade, aparecendo mais clara em comparação com outras estruturas.

Dentina

Localizada abaixo do esmalte, tanto na coroa quanto na parte da raiz, a dentina também aparece radiopaca.

Tem um tom mais escuro que o esmalte, devido à sua menor densidade.

Câmara pulpar

Situada abaixo da dentina, contém a polpa dentária. 

Embora o tecido pulpar não seja diretamente visível, os espaços que o contêm, incluindo a câmara pulpar e os canais radiculares, são radiolúcidos.

Cemento

Esse tecido reveste a raiz do dente, proporcionando proteção e ancoragem ao osso alveolar. 

Sua visualização radiográfica é mais desafiadora, mas é fundamental para a saúde periodontal.

Espaço periodontal e lâmina dura

O espaço periodontal, delimitado pela lâmina dura, é uma linha fina radiopaca que circunda a raiz do dente. Indica a saúde do suporte ósseo alveolar ao dente. 

A lâmina dura é particularmente importante para avaliar a integridade do suporte ósseo periodontal.

Quais são as estruturas anatômicas da maxila?

As estruturas anatômicas da maxila incluem:

  • sutura palatina: linha representando a união entre dois ossos maxilares;
  • septo nasal: parede óssea dividindo as cavidades nasais;
  • fossas nasais: áreas radiolúcidas acima dos incisivos superiores, separadas pelo septo nasal radiopaco;
  • espinha nasal anterior: projeção radiopaca em forma de “v” abaixo da cavidade nasal;
  • conchas nasais inferiores: placas ósseas curvas nas paredes laterais da cavidade nasal, aparecendo como sombras;
  • forame incisivo: abertura para vasos sanguíneos e nervos, radiolúcido oval entre incisivos centrais superiores;
  • porção cartilagínea do nariz: visualizada nas raízes dos incisivos superiores como uma sombra radiopaca;
  • fossa lateral canina: concavidade óssea entre raízes do incisivo lateral e o canino, aparece como área radiolúcida;
  • seio maxilar: cavidade auxiliando na respiração e fonação, podendo ser confundida com lesões em radiografias;
  • septo ósseo: paredes dividindo o seio maxilar em compartimentos, visualizadas como linhas radiopacas;
  • túber da maxila: limite posterior do processo alveolar, apresentando-se com menor grau de radiopacidade devido à estrutura óssea medular;
  • hâmulo pterigoideo: extremidade do processo pterigoideo, visualizada como imagem radiopaca em forma de gancho;
  • processo zigomático da maxila: área de osso cortical denso onde a maxila se articula com o osso zigomático, aparece como sombra radiopaca;
  • processo coronoide da mandíbula: imagem radiopaca de contornos nítidos, superposta à tuberosidade da maxila em algumas visualizações radiográficas.

Quais são as estruturas anatômicas da mandíbula?

As estruturas anatômicas importantes da mandíbula, detalhadas em radiografias, incluem:

  • canal mandibular: forma tubular contendo vasos sanguíneos e nervos, visível nas radiografias periapicais dos dentes posteriores;
  • forame mentual: abertura localizada na região dos pré-molares inferiores, apresenta-se como uma área radiolúcida arredondada ou oval;
  • forame lingual: área radiolúcida circular situada abaixo das raízes dos incisivos inferiores;
  • protuberância mentual (crista mentual): condensação óssea localizada abaixo das raízes dos incisivos, podendo se estender até os pré-molares;
  • canais nutritivos: passagens tubulares no osso que contêm nervos e vasos sanguíneos, frequentemente observados na região anterior da mandíbula, especialmente onde a espessura óssea é menor;
  • linha oblíqua: proeminência óssea que cruza transversalmente o corpo da mandíbula ao nível do terço médio das raízes dos dentes molares, apresentando-se como uma faixa radiopaca;
  • linha milohioidea: linha radiopaca no ramo da mandíbula, cruzando os molares diagonalmente em direção ao corpo da mandíbula.

Em radiografias oclusais da mandíbula, é possível visualizar o corpo da mandíbula, o canal mandibular e o forame mentual.

Lembre-se: a anatomia radiográfica é uma disciplina muito ampla e, mesmo que você tenha estudado isso na faculdade, é sempre bom voltar a estudar sobre o tema. Busque sempre se atualizar e oferecer o melhor atendimento ao seu paciente.

A telerradiologia moderna tem contribuído muito para agilizar as análises anatômicas em exames de imagem. Saiba mais em nosso artigo que trata sobre esse tema!

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