O planejamento de cirurgia ortognática ganha relevância no universo da Odontologia. Afinal, essa abordagem tem se consolidado como uma solução eficaz para a correção de diversas deformidades faciais e disfunções oclusais.
O sucesso da intervenção cirúrgica depende, em grande parte, de um planejamento pré-operatório minucioso, que permite aos cirurgiões prever e ajustar cada detalhe antes de entrar na sala de cirurgia.
O avanço das tecnologias, como o planejamento virtual, tem revolucionado essa etapa, possibilitando resultados cada vez mais precisos e satisfatórios.
Neste artigo, discutiremos a importância do planejamento em cirurgia ortognática, com um foco especial em um caso clínico real. Para saber mais, continue a leitura!
O que é a cirurgia ortognática e quando é recomendada?
A cirurgia ortognática é um procedimento cirúrgico destinado à correção de irregularidades nos ossos do maxilar e mandíbula, que resultam em desarmonias faciais e problemas funcionais, como dificuldades na mastigação, fala, respiração, ou mesmo dores crônicas na articulação temporomandibular.
Tais deformidades podem ser congênitas ou adquiridas ao longo do desenvolvimento do paciente, e muitas vezes não podem ser corrigidas apenas com tratamento ortodôntico.
Indicações comuns para a cirurgia ortognática incluem má oclusão severa (como Classe II ou Classe III), retrognatismo ou prognatismo mandibular, assimetrias faciais, e excesso ou déficit de crescimento vertical da maxila.
Além das razões funcionais, muitos pacientes buscam essa cirurgia para melhorar a estética facial, corrigindo problemas como sorriso gengival ou falta de projeção do mento.
Relato de caso: planejamento de cirurgia ortognática
O relato de planejamento de cirurgia ortognática a seguir foi apresentado em um artigo científico escrito pelos cirurgiões-dentistas Amanda Achkar Cali, Cláudio Ferreira Noia, Luide Michael Rodrigues França Marinho e Erick Andrés Alpaca Zevallos.
Trata-se do caso de uma paciente de 19 anos, do sexo feminino, que procurou o serviço de Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Faciais com queixas específicas de sorriso gengival e pouca projeção do mento. Ela estava em bom estado geral, sem alterações sistêmicas, e não apresentava histórico de dores na face ou na articulação temporomandibular.
Durante o exame físico, foi identificado um padrão dolicofacial, caracterizado por um perfil facial de Classe II com retrognatismo mandibular. A paciente apresentava um overjet de 7mm, desvio da linha média maxilar para o lado direito em 1mm, e um discreto excesso vertical de maxila. Esse quadro clínico, associado à hipertonicidade labial, resultava no sorriso gengival, que era a principal queixa estética da paciente. Veja os registros de imagem>
Dada a complexidade do caso, optou-se por utilizar o planejamento virtual como ferramenta para a abordagem cirúrgica. Por meio de softwares especializados, foi possível criar um modelo tridimensional da face e dos ossos da paciente, permitindo a simulação detalhada dos movimentos ósseos necessários para corrigir as deformidades.
O uso de guias cirúrgicos personalizados, desenvolvidos a partir desse modelo virtual, assegurou a precisão dos cortes e a reposição dos segmentos ósseos durante a cirurgia.
O procedimento cirúrgico foi realizado com sucesso, resultando em uma correção eficaz do sorriso gengival e uma melhora significativa na projeção do mento. Observe as fotos:
O perfil facial da paciente tornou-se mais harmonioso, e a funcionalidade mastigatória foi restaurada, demonstrando a eficácia do planejamento virtual na obtenção de resultados superiores em cirurgias ortognáticas.
A Importância dos exames de imagem no planejamento cirúrgico
Os exames de imagem desempenham um papel crucial no planejamento e execução de cirurgias ortognáticas.
Radiografias, tomografias computadorizadas e ressonâncias magnéticas são essenciais para a avaliação inicial das estruturas faciais e para a identificação precisa das deformidades ósseas e das relações entre os ossos maxilomandibulares.
Esses exames fornecem uma base sólida para a criação dos modelos tridimensionais utilizados no planejamento virtual.
No caso relatado, a tomografia computadorizada foi fundamental para a elaboração do modelo 3D da face da paciente.
Com base nessas imagens, o software de planejamento cirúrgico permitiu aos cirurgiões avaliar diferentes cenários, simular cortes ósseos e prever o resultado final com alta precisão.
Além disso, os exames de imagem pós-operatórios foram importantes para confirmar o sucesso da cirurgia e monitorar a recuperação da paciente.
A cirurgia ortognática é uma intervenção que exige um alto grau de precisão e planejamento. O avanço das tecnologias, como o planejamento virtual e o uso de exames de imagem de alta qualidade, tem proporcionado aos cirurgiões ferramentas poderosas para otimizar os resultados e minimizar os riscos associados a esses procedimentos complexos.
O caso clínico apresentado é um exemplo claro de como a combinação de um diagnóstico detalhado, planejamento virtual e execução precisa pode transformar a vida de um paciente, corrigindo deformidades faciais e melhorando a qualidade de vida.
Para os profissionais da área, investir em tecnologias de planejamento de cirurgia ortognática é essencial para alcançar os melhores resultados possíveis em cirurgias ortognáticas.
Este artigo foi útil para você? Leia também o nosso texto que aborda a revolução da telerradiologia em cirurgia bucomaxilofacial.
